Edital MCT/CNPQ 14/2008 Universal Processo 470333/2008-1



17 de junho de 2011

IDENTIDADE É VALOR (Para quem?)

Já há algum tempo, mais precisamente desde os anos sessenta do século XX, que nos deparamos com um verdadeiro surto de estudos sobre 'identidade'. Fato já apontado por autores como Pollack, Berger, Huxley, entre tantos outros. No entanto, surpreende, cada vez mais, que à essa obsessão pelo conceito não seja correspondente pesquisa cuidadosa sobre as origens e os alcances dessa mania identitária. É lastimável observar a proliferação de lugares-comuns sobre essa fixação temática. Estamos numa época difícil em que os consensos e as modas se instalam com força de verdade, ainda mais quando se têm a chancela de acadêmicos e diplomados de plantão. A expressão que abre essa reflexão, com o título em destaque - A IDENTIDADE É VALOR! - causa espécie. Seria surpreendente que, ao invés do óbvio, encontrássemos a expressão:  QUANTO CU$TA A IDENTIDADE! Isso, sim, seria algo a nos chamar atenção, pois é o que se tenta encobrir com aquela outra.
Afinal, 'identidade' tem valor de quê? De troca? De uso? Pra quem?
É a nova moeda no mercado? Qual o significado cultural, político e econômico dessa afirmação? O que é que se quer dizer com isso? 
É verdade que autores como Bauman têm frisado que a questão da 'identidade' adquire cada vez mais relevância num mundo em transformação vertiginosa, mas é também certo que investir sobre esse conceito com a dramaticidade que estamos assistindo - como panacéia para a salvação econômica de 'comunidades' - é criar ilusões temerárias. Reproduzir sem criticidade enunciados ideológicos primários, máximas do senso comum - num consenso produzido pela força da repetição - é algo que beira ao anedótico!
Todavia, o interessante a se destacar é que de novo voltamos ao A. Huxley do Admirável Mundo Novo! Os leitores desse blog, conhecedores da obra, devem lembrar da DIVISA DO ESTADO MUNDIAL: COMUNIDADE, IDENTIDADE E ESTABILIDADE. A sociedade tecno-científica busca aplicar essa equação a todo custo: custe o que custar! E tem muitos pseudo-pesquisadores que ignoram a dimensão crítica do que estão fazendo, sem saber que repetem lemas e enunciados de uma sociedade à deriva! É como se quisessem "esvaziar o oceano com um balde", num esforço romântico, mas obtuso! A ilusão de oferecer salvamento econômico investindo em 'identidade' é algo que merece ser tomado como objeto de reflexão crítica aprofundada; trata-se de nova mascarada. 
O que se percebe nesses empreendimentos de 'sistematizar os processos produtivos', com pretensões de pesquisa-ação, é um trabalho de apropriação dos recursos e acervos populares com vistas a se avaliar futuras repercussões e potencialidades econômicas, produzindo 'visibilidade' no mercado consumidor regional, nacional e, quiça, internacional. No meio desse processo se colocam os supostos 'mediadores' (outro nome para apropriadores), e no final da 'cadeia produtiva', os consumidores. Os produtores terão que se adequar aos 'modelos' pré-fabricados, impostos pelos 'mediadores' (agentes avançados de diversas instituições), para que seus produtos sejam oferecidos para os consumidores (aos quais 'vale' afinal, a 'representação' da 'identidade' comunitária simulada e fetichizada. Esse "projeto" ao cabo do tempo, se auto-designa, no âmbito das dominantes culturais, "projeto de inclusão social". Declara como objetivo central dar 'visibilidade', "no sentido stricto dessa palavra", promovendo e preservando, assim, a 'identidade'! Sobressai, nesse contexto, a retórica utilizada; vejamos a frase: "identificar – comunidades e pesquisadores – os valores do artesanato a partir do ponto de vista dos produtores e suas representações sobre o consumo de seus produtos"!
Os produtores vão 'identificar' os valores de seu próprio artesanato (!), a partir de seu 'ponto de vista'  e através de 'suas representações'!? O que isso significa? Será que tem algum sentido, ou é apenas uma frase de efeito? Pretende-se um álibi: 'fazer falar a comunidade'! O que os 'produtores' pensam ('representam') sobre o consumo de seus produtos! Qual o problema sociológico que existe nisso? Não é isso que vai ser feito; é outra coisa!
Nesse ponto específico, encontramos em José Jorge de Carvalho uma reflexão importante, que cabe bem aqui: "Fica em aberto ainda uma análise das motivações sociais, de classe e raciais subjacentes a esse movimento de apropriação completa de uma arte cultivada por outro estrato social e racial. Como hipótese inicial, é possível que esse novo canibalismo tenha surgido agora talvez como sintoma de que o fosso de classe e racial no Brasil cresceu ainda mais nas últimas décadas, tornando-se quase um esquema estrutural de segregação implícita". Canibalismo disfarçado de boas intenções... E se pode ir ainda mais longe: "... começam a surgir casos em que, fundindo seu papel de mediador com o de artista antropofágico, o pesquisador se apropria da arte performática que pesquisou e se mascara de artista nativo. Vários são os processos específicos de apropriação atualmente em curso"....
Pode ser que quem escreveu a referida resenha para a divulgação do lançamento do Projeto, não tenha entendido bem o texto, mas parece que essas frases devem ter sido citadas do próprio livro, pois não há muita imaginação na praça. O que está escrito é que a pesquisa pretende compreender as 'representações' e 'valores' que os 'produtores' atribuem ao consumo do que produzem! Essa é a pesquisa! A extensão é um trabalho para dar 'visibilidade' aos seus produtos no mercado consumidor!
Por fim, poderíamos acrescentar, citando o antropólogo J. J. de Carvalho, mais uma vez: "Sucede que a nova verdade que o pesquisador agora transmite já não é mais apenas uma verdade da política, da discriminação racial e étnica, da desigualdade de classes, do desprestígio cultural, mas também uma verdade de relações de mercado. E o pesquisador, operando dentro de uma paradoxal lógica samaritana de mais-valia, passa a crer que, ao conseguir algum retorno econômico para a comunidade, estará eticamente justificado para sair de seu lugar de cientista e servidor público e fazer um pacto com a indústria cultural".
Esse "Projeto" merece nossa atenção crítica! Na verdade, merece ser objeto de pesquisa sociológica!
Vamos aguardar mais detalhes sobre esse processo!
* * *
Observe-se o texto subliminar, que está conectado ao que não foi dito explicitamente, no texto do Projeto "Identidade é Valor"!

IDENTIDADE É VALOR 'AGREGADO'!

O design, a moda e a identidade pelas ruas

Na edição de ontem do Design Mais - projeto da Escola de Design da Unisinos que realiza palestras periódicas - o tema foi Design e Identidade: a moda como geradora de tendências e, para falar sobre isso, Julieta Puhl e Laureano Mon vieram diretamente da Argentina apresentar o seu Por la Calle.
A idéia desse projeto começou com uma percepção do par no ano de 2001, quando a Argentina enfrentava sua maior crise econômica. Naquele momento os argentinos procuraram por diferentes formas de sobreviver, buscavam por novas formas de expressão e começaram a gerar uma movimentação na cultura local. Havia a necessidade de dar uma “cara” para a Argentina. “Tuvo lugar el inicio de un cambio en las relaciones entre las personas y la percepción de los objetos que las rodeaban”
Então, Julieta e Laureano pensaram em fazer um mapa do design Argentino, de forma a descobrir qual era a identidade do país.
¿Qué rasgos geográficos influyen em nuestra creatividad?
O mapa de diseño argentino contou com 3 anos de pesquisa e reconhecimento de regiões argentinas e seus profissionais, reconhecimento fotográfico e DUZENTAS entrevistas em profundidade com designers. Nunca tive conhecimento de uma pesquisa qualitativa com tanta profundidade.
Ao final do mapeamento, os pesquisadores comprovaram que a Argentina tem sim sua identidade e gera tendências.
Mas a pesquisa não terminou, ela agregou outras funções e continua agora sob outro nome: Por La Calle. É como uma segunda fase, para descobrir novos designers e revisitar os já conhecidos procurando por mudanças em seu trabalho. O Por La Calle também faz circuitos di diseño, que são pontos de encontro, com mostras das principais criações dos estilistas locais.
Mais do que mostrar o projeto, Julieta e Laureano bateram no ponto de que a identidade é valor agregado. Segundo eles, o trabalho é 75% design próprio e 25% tendências.
Isso pode parecer simples ou óbvio para qualquer pessoa que pense em conceito de marca ou moda, mas sinceramente, quantas marcas você conhece que sabem direitinho qual é sua essência, suas principais características? Como se espera que uma marca que não se conhece possa conhecer (e até lidar) com o consumidor?
O posicionamento adequado frente a essa identidade é o que agrega valor para a marca junto ao público. Indico, para quem quiser compreender um pouco mais sobre isso, passar no blog da Juliana Laguna e também a olhar a apresentação que eu coloquei abaixo, na qual ela expõe alguns conceitos e exemplos de Vantagem Competitiva e Identidade de Marca.
Por fim, a palestra de ontem foi, acima de tudo, uma provocação. E nós, temos identidade?


Acesse:
http://www.fundacionprotejer.com/prensa-noticia.php?id=19666
http://socialmediaclub.org/blogs/social-media-observer/o-design-moda-e-identidade-pelas-ruas

16 de junho de 2011

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15 de junho de 2011

CONTO DO ZÉ CUECA

O HOMEM DE UMA CUECA SÓ


"As paródias e as caricaturas são 
as formas mais agudas de crítica". 

A. Huxley


Este conto é um exercício do que os gregos antigos chamavam de 'metempsicose', isto é, a 'transmigração das almas de uns para outros corpos'. Mas, será uma metempsicose de rápido efeito literário. Essa experiência será fugaz e logo se entenderá o motivo, já que o ar que entrará em nossos pulmões será por demais sufocante. Não obstante, sofrerá não só nossos pulmões sensíveis, mas nosso estômago, nosso fígado, e nossa alma tão combalida nos tempos hodiernos.

Através dessa breve estória de um homem que se formou sob as condições mais adversas, partindo de uma humilhação severa e lastimável na infância, vamos conhecer um pouco as façanhas de um embusteiro que se vangloria de ser um dos exemplares típicos do tão difundido self made man; alpinista que subiu a escala social por seu próprio esforço, "pulando carniças". Alguém que escalou da classe média baixa branca, abaixo do Trópico de Capricórnio - quase um lupemproletariado suburbano -, para a classe dos letrados e diplomados. Isso, em tempo recorde, galgando novos horizontes e desfrutando, hoje, de realização plena; conquista há muito cobiçada. Vamos assim penetrar na mente de um homem complexado na sua intimidade mais crua e nua.

A vida de nossa personagem peri-patética sempre foi um rosário de traumas bizarros e vexatórios. Esse homúnculo faz-nos lembrar os casos mais dramáticos, daqueles que passaram momentos paralizantes em vida, especialmente no período da adolescência e na juventude.

Para sair de casa e estudar; como dizia sua querida mamãe: - para ser alguém nessa vida!, nosso sub-herói passou a maior parte de suas muitas angústias, escondendo-se de todos! Dolorido destino de esconderijos! Contudo, por que se esconder do mundo? Que triste: só possuía uma única cueca puída! Sob a sina desse desafortunado destino tinha que chegar em casa, depois da labuta, e lavar a cueca rapidamente, pendurar no varal (ou atrás da geladeira), e no dia seguinte, vesti-la de novo, mesmo que ainda estivesse molhada, ou úmida do sereno, ou sob a ação implacável do frio que sempre vinha dos confins da Patagônia...

Quantos danos não causou tal vergonha! Além de pobre, ter que passar por isso: apenas uma cueca para viver! Era um garoto pobre, comum, mas nascido branco, com olhos claros, nome de origem saxônica, provavelmente germânica. - Oh! Polaco, vem cá! - Oh! Galego, 'tá com fome? Oi! Branquelo! Quer um brinquedinho? Então, Alemão, tem que dar p'ra rapaziada! Por uma cuequinha, eu faço tudo!

Que vida difícil essa: vida humilhante! Mas, um dia,  Cueca disse para si mesmo: - Vou me vingar! Serei poderoso e terei muitas cuecas e muito poder!

Só uma cueca! Ninguém dava ao menos mais uma mísera cueca para esse rapaz?! Ceroulas, nem pensar! Queriam vê-lo passar por essa situação: ficar pra sempre marcado, avexado, traumatizado, complexado... Conseguiram! O rapaz nunca esqueceu essa vergonha!

Mas, leitor, toda essa humilhação, produz que tipo de gente? Alguém que passou a juventude e o começo de sua vida, tendo que ir estudar e trabalhar - só com uma cueca - tornar-se-á que tipo de pessoa? Temos a resposta: - um fascista, no sentido pleno do termo! O verdadeiro Zé Ninguém de uma cueca só! É o rastejante Zé Cueca dos subterrâneos do mundo moral humano!

Com o passar do tempo o que todos chamavam de polaco, russo, alemão, galego, começou a galgar novos patamares e conseguiu comprar uma segunda cueca, e depois mais uma, e depois mais duas... Até que estava cheio de cuecas em suas gavetas. Nunca mais queria passar por humilhações desse tipo: teria cuecas sempre, e muitas!

Todavia, podes imaginar, leitor amigo, o seu caráter do Zé Cueca ficou fraturado, definitivamente mutilado! O que é uma cueca, na vida de um homem? O que a falta dela pode fazer a um Zé Ninguém? É muita humilhação especialmente no momento de sua formação para uma "educação moral" exemplar! Uma Cueca Só, bem fundamental para a auto-estima de um grande camarada!

Vejam só a importância absurda que algo totalmente insignificante pode adquirir na vida de um Zé Ninguém. Para esse sub-ser assujeitado a esta humilhação, começou a vida de vergonhas; a partir do momento que tinha que se vingar de todos, de qualquer um que se colocasse na sua frente, ou o atrapalhasse em atingir seus objetivos de poder e privilégios pueris.

O Homem de Uma Cueca Só, tornou-se o maior de todos os fascistas, o mais conhecido da cidade. Hoje tem um parceiro de muitas pelejas e aventuras na Ilha do Cuesquistão: seu chapa e mui amigo, mais conhecido como o Marinheiro das Mandingas. O maior anão do mundo, com seus passos de velhaco de terraços baldios! Hoje anda preocupado em amparar mães-solteiras nesse mondo canne! Está pensando em criar uma ONG das mães-solteira! Nunca gostou de franciscanismos, adora mesmo é um batuque, mas tem suas missões de caridade nesse mundo satânico!

Essa dupla nazi-fascista, sub-heróis da pré-modernidade recalcitrante, tem aprontado muitas peças por essas plagas da linha do Equador! Os dois disfarçados de mestres dos "conhecimentos" - especialistas em "educação moral" - seguem sua saga peri-patética! Hoje em dia, depois de diplomados, oferecem diplomas para seus clientes tornarem-se mestres da 'cultura' e da 'sociedade'!
Leitor amigo, com esse conto inicial, ligeiro - pois essa técnica da metempsicose criada pelos gregos, exige celeridade na escrita; quase uma psicografia -, começamos a narrar as aventuras do Homem de Uma Cueca Só e do seu fiel escudeiro, o Marinheiro das Mandingas!

Nosso objetivo maior é descobrir a fórmula mágica, importante nos tempos atuais, qual seja, aquela de como decifrar e se livrar de um fascista de merda e de um nazista ridículo; infiltrados nas diversas gangues de zumbis e escravos pós-modernos!

* * *
A verdadeira fidalguia é a ação.
O que fazeis, isso sois, nada mais.
Vieira, Antonio.

O que fará o Homem de Uma Cueca Só quando seus castelos de areia começarem a desabar na maré cheia, que nem espigão costeiro segura? Correrá atrás dos conselhos do seu amigão o Marinheiro das Mandingas? É um mistério! Como reagirá o Dono da Fábrica de Mestres quando o seu mundo começar a ruir, pela força física natural das coisas desse mundo: - toda ação provoca uma reação?! Não sabemos ao certo! Ainda é cedo! Devemos aguardar os acontecimentos e o desenrolar do processo kafkaniano de apuração dos fatos e depoimentos; afinal uma sindi-cância! Ufa! Um grande inquérito promovido pelo Dono da Fábrica de Mestres - em busca da apuracão das denúncias de abuso das leis da Educação Moral (sic) - está em curso e devemos esperar a conclusão dos trabalhos da Egrégia Comissão.
Uma lástima que a metempsicose limite nosso alcance e não possamos vislumbrar o futuro! O que será do fantoche de Ditador Abaixo do Trópico de Capricórnio - caudilho perdido no Torrão Equatorial - quando seus exércitos de Homens de Uma Cueca Só forem derrotados nas areias escaldantes desse vasto litoral? Um mistério, que nem São Sebastião pode nos ajudar a desvendar!
Quantos mistérios, quanto mar! Hahahahahaha...
Que comédia! Que anedota! Que caricatura! Todo ser humano tem que pagar pelo seu mal, e receber pelo seu bem! Não tem escapatória! Aguardaremos o desfecho dessa novela cômica e ridícula!

* * *

O medo afugenta o Homem de uma Cueca Só! Será que os tempos de dificuldades - pobreza, frio e doença - voltarão? Será que o tempo das vacas magras vão assolar o peitoril da janela da fartura e do poder fácil; com a cumplicidade dos vassalos e dos covardes da moral?
A quem o nosso sub-herói pós-moderno deve procurar para se aconselhar nesse momento difícil? O grande Marinheiro das Mandingas, ora! No entanto, o mestre dos sortilégios está muito ocupado com a legião das mães-solteiras que vicejam por todo lado. O nosso Popeye, dos espinafres de J'ão Gome', anda muito atordoado com a possível degeneração da civilização, que depois da sífilis, se vê numa bifurcação, que dessa vez pode ser fatal: - a proliferação de mães-solteiras! O velho Popeye Equatorial não pode dar atenção ao amigo Brutuculus (mascarada e avatar do Zé Cueca) com suas cantilenas moralistas! O Homem de uma Cueca Só, vive um momento de agruras e solidão, como um moribundo que não sabe o que fazer, no momento crucial de enfrentamento da verdade: - vou morrer!
É a volta daquele sentimento de frustração visceral, lancinante, que atravessa as fibras da alma desconstruída, sem costura, solta como uma folha de outono ao cair da tarde! Quanta poesia inútil para caracterizar o infortúnio de quem merece perecer! É a lição de vida que se retira dos fracos, escudados na panóplia da falsa fortaleza: o arruinamento dos desvalidos da Moral!
O que a carência de cuecas não faz com um fraco de espírito?! Que desastre psicológico patético, num ser tão estúpido! Se não é pra chorar de piedade e compaixão, é para se rir, às pândegas, dessa cena demasiado esdrúxula! Perdas e danos irreparáveis! Aguarde cuequeiro, tua hora está chegando!
É a volta do sipó de arueira, no lombo de quem mandou dar! 

* * * 

Está chegando o dia do Zé Cueca apresentar as suas provas na oitiva em que será a atração da hora! Lamentamos a perda recente do inocente que continuaria o meliante nesse mundo; seria desumano mostrar-se indiferente diante de tal tragédia. Mas, quantos sinais de mal agouro estão em torno desse personagem! Não se admira que os que o conhecem lhe colocam a alcunha de "pessoa nefasta" - cueca de bosta! Bem adequado! Uma pessoa nefasta, vive de circunstâncias nefastas, sofre as reações nefastas de seus atos nefastos...
Sua tragédia pessoal parece ser o preço pago pelos infortúnios infringidos aos que o cercam. Diz o povo sabiamente: - aqui se faz, aqui se paga!
Tanta negligência para com os outros, acabou revelando negligências pessoais, logo à quem mais oferecia 'a-mor'! Será mesmo? Era a-mor? Quem ama cuida, preza, mima... Não foi o caso! Mor-réu!
Mas, o grande dia está chegando; faltam poucas horas! Como será a performance do moleque do falta-cueca? Como vai agir o desmiolado e energúmeno? Não sabemos ainda! Veremos ao vivo e em cores!

* * *

‎"Fogem os ímpios, sem que ninguém os persiga;

mas os justos são ousados como o leão."

Provérbios, 28:1.


Zé Cueca, o covarde da hora! A máscara caiu da cara do cuequeiro! Ninguém poderia crer ou prever esse lance de fraqueza, no momento crucial. Jogou a toalha? Zé Cueca se borrou todo? Talvez ainda seja cedo para chegar a essa conclusão. Mas todos ficaram abismados; afinal, era a chance de sua manifestação de poder e articulação palaciana! Que nada! Fugiu, se escondeu, se acovardou silenciosamente!
Assim, nos deu mais uma chance de elevar-nos bem acima dos ratos!
Pobre de espírito, pobre de origem, pobre sem coragem; um desgraçado pleno, em todos os sentidos! HOMÚNCULO!
Seu mundo caiu, e começa a erodir toda a sua esperança de manter em pé seus castelos de areia! O tempo passa e a ruína do miserável se acentua, aprofunda, desce a ladeira da misericórdia!
Zé Cueca sai escondido pelos fundos, todo borrado, sujo dos dejetos que ele mesmo lançou ao vento! Cuspiu para o alto, o coit-ado! Triste sina de um mentecapto celerado! Zé Cueca, a partir de agora será conhecido também como Zé Fujão! Pega! Pega esse rato!
Assim, mais uma vez se confirma as palavras das Escrituras: "O culpado foge sem que ninguém os persiga"...

* * *

Será que o Zé Cueca está perdendo o controle definitivo da situação? Parece que persiste ensandecido, em passos mais arriscados, tentando levar adiante seu processo de desatino; está convocando mais 'sindicâncias' no seu Castelo-Bunker! Estaremos em alerta para decifrar as novas charadas do cuequeiro desvairado!

* * *

Zé Cueca conseguiu organizar a tropa; pretende levar a frente seu projeto fascista. Seu colega o Marinheiro das Mandingas está com ele; a novidade é que se juntou ao bando o fidelíssimo ilhéu dos embargos, o Plebeu dos Fundos, e o Silvestre Careca, idi-ota das Caraíbas. A quadrilha está organizada e com planos ambiciosos. Vamos ver o que vão conseguir, navegando na Stultifera Navis. 

* * * 

O Zé Cueca 'ta se borrando todo! Hahahahahahahah

* * *

No Carnaval que se aproxima, as fanfarras e blocos de Sujos e Clóvis já estão com uma marchinha animada que vai embalar os desfiles dos foliões em êxtase:

Zé Cueca pode esperar,
a tua hora vai chegar!
E avise ao Marinheiro,
p'ra ele não se borrar!

* * *

O Zé Cueca está fugindo!
Ele e seu fiel escudeiro o Marinheiro das Candongas!
Pega, pega!
Os covardes não têm mais medida!
Desesperados cavam fundo sua cova
No Inferno!