Edital MCT/CNPQ 14/2008 Universal Processo 470333/2008-1



24 de dezembro de 2006

BOAS FESTAS E SUCESSO EM 2007!



Boas Festas & um Bom Teatro das Memórias para Todos em 2007!

28 de novembro de 2006

CONVITE PARA DIA DO PATRIMÔNIO SÃO LUÍS

Ação Cultural Teatro das Memórias - 2006-20012



Reflexões sobre a Ação Cultural

Teatro das Memórias: a ação cultural no campo do Patrimônio Cultural e da Memória Social.

Minha intenção aqui é colocar alguns pontos importantes a partir de minha experiência com trabalho de pesquisa e extensão universitária em alguns bairros da capital. Especialmente no que nos remete ao problema da ‘espetacularização’ crescente da cultura, do patrimônio e da memória social.
Essa área do conhecimento e da vida social está sendo investida com muita força atualmente. Desde os anos 90, assistimos a ‘virada cultural’ do capitalismo – na qual o passado, o folclore, o artesanato e as demais expressões e manifestações da cultura popular, passaram a ser investidos como ‘produtos’ mercadológicos atraentes e de alto valor turístico e promocional – o chamado ‘marketing cultural’ das empresas e dos políticos.
É preciso ter muito cuidado nesse domínio – para que não se perca definitivamente o valioso acervo cultural e patrimonial da sociedade brasileira, isto é, o rico patrimônio cultural e simbólico produzido pela população brasileira, nesses 500 anos de Brasil.
Ao sofrer o impacto violento das agências de capitalização – muitos acervos culturais podem desaparecer – caso não tenha com propriedade as determinações sócio-econômicas do processo...
A principal contradição a ser enfrentada é: ao estar se voltando ‘ingenuamente’ para os produtos e bens culturais populares – nós estarmos contribuindo para o seu desaparecimento, tornando-os fósseis culturais – mercadorias inautenticas e simulacros de identidades culturais perdidas.
A ‘espetacularização’ da cultura, que transforma os bens culturais em objetos teatralizados e midiatizados – coloca em risco patrimônios culturais valiosos.
A questão então é: como resistir a essas forças atuais?
Primeiro de tudo é preciso compreender como funciona e de que forma se reproduz a lógica cultural dominante.
Todo trabalho de ação cultural (extensão e pesquisa-ação) deve ter em mente, e a priori muito bem desenhado, o mapa das condicionantes reais do sistema cultural em que se atua e trabalha. Vejamos: os empresários têm interesses específicos; os políticos outros interesses; as ‘comunidades’, outros; os agentes e técnicos, outros ainda; e assim por diante. Como decifrar a lógica de suas ações e interesses?
Esse é o trabalho do cientista social (seja ele historiador, sociólogo, antropólogo, etc). Todo trabalho científico de recuperação e reabilitação da memória social e histórica, requer muito tempo de reflexão e investigação. Isso choca com a lógica dos interesses imediatos e instrumentais, ávida por um calendário intenso de eventos e programações culturais e artísticas. A todo instante as empresas, os políticos, e a própria comunidade, exigem resultados imediatos, eventos espetaculares, etc. Como resistir a essa lógica, e fazer um trabalho científico duradouro e cidadão? Como convencer a própria comunidade, além dos agentes, empresários e políticos, eu se deve ter paciência e compreender que o trabalho com comunidades, geralmente, muito empobrecidas e em situação de risco, requer um longo trabalho com psicólogos, assistentes sociais, historiadores, cientistas sociais, etc. Essas pessoas tentem a considerar exagerado, complicado, lento e demorado o trabalho científico qualificado... Em suma, dizem e pensam: “os intelectuais e professores, complicam demais – queremos soluções imediatas...”

Diante de um quadro social com essas características e com tais contradições de interesse, nos parece que uma forma de resistir é fortalecer os grupos de pesquisa e extensão, e conseguir criar condições de mantê-los autônomos e independentes, o máximo que puder, dessas agências. Não é fácil, já que a Universidade brasileira, e a UFMA e UEMA, são particularmente avessas a trabalhar pela cidadania cultural das camadas subalternas. Ao contrário de outras Universidades do Centro-Sul, que já possuem uma boa história de trabalhos com comunidades de favelas e de bairros de periferia, a Universidades do Maranhão só contenta e dar diplomas para a classe média continuar ascendendo aos cargos de controle e prestígio – diplomando os novos membros das camadas dirigentes...

A Universidade, então, não possui ainda condições concretas para oferecer recursos próprios para que os grupos possam atuar com independência e autonomia. Isso é mal...
As próprias comunidades ao cobrarem mais atuações concretas dos pesquisadores e extensionistas, colocam a Universidade numa situação complicada.
Uma proposta interessante seria a criação de um Núcleo de Extensão e Pesquisa-ação, no Centro Histórico de São Luís, para dar condições de maior independência e autonomia aos cientistas, para que possam realizar seus trabalhos que têm metas de longo prazo.

Resumindo, quais são os problemas centrais a serem enfrentados:

1. A ‘espetaculçarização midiática’ crescente – a teatralização ‘espetacularizada’ que torna o cidadão um mero espectador passivo de produtos áudios-visuais, pré-elaborados pela indústria cinematográfica e filmográfica...
2. O trabalho científico deve resistir a força que tende a menosprezar sua utilidade social – resistir a ser relegado a um plano secundário e coadjuvante...

O Primeiro ponto é chave – é preciso enfrentar essa força de ‘espetacularização’ que transforma o cidadão em mero expectador, em mero consumidor passivo de imagens e objetos (CD’s e DVD’s). Os cuidados nesse domínio devem ser feitos com muita atenção aos procedimentos de criação e produção das imagens – deve-se ter maior controle sobre os meios de criação e produção das imagens e dos textos sobre os trabalhos. Democratizar a produção das imagens, pois é a própria democracia que está em jogo aí. Afinal os direitos culturais devem estar ligados a questão da gestão dessas produções imaginárias e discursivas...

O segundo ponto é fortalecer a produção científica. O trabalho de pesquisa exige um longo trabalho de observação, de registro, de inventário, de catalogação, etc. Exige respeito ao grupo receptor, exige longa e concentrada ‘dialogia’ entre os pesquisadores e o grupo pesquisado. Por que isso se dá? Por que o trabalho com a memória não é fácil: a memória social brasileira não é um mar de rosas... Nosso país tem uma história complexa, com muitos grupos humanos em confronto, classes sociais em disputa, migrações e deslocamentos, na maioria das vezes ‘traumáticos’. Situações históricas e sociais fruto de um colonialismo repleto de disputas, guerras, dominações e conflitos... Por isso trabalhar com a memória social, com a história de vida, com a memória histórica exige muito trabalho, cuidado e atenção. Muito respeito para com as dificuldades dos grupos sociais em ‘relembrarem’, ‘recuperarem’ histórias difíceis e traumáticas: são filhos de operários, migrantes, prostitutas, traficantes, etc., na grande maioria em situações de grave risco social. Temos que ter muita paciência, e realizar um verdadeiro trabalho ‘terapêutico’ da memória social...
A memória social brasileira é fruto de uma história de muitas dificuldades para a maioria da população – por exemplo, são apenas 100 anos de abolição da escravatura oficial, fato que ainda está muito presente na história de vida de diversos grupos sociais. Num país com a maior desigualdade social do mundo, é preciso um trabalho de grande sensibilidade antropológica, histórica e social. Os dramas sociais vividos por essas populações são muito complexos para se tratar com festas e manifestações folclóricas para turista ver – é preciso um trabalho coletivo de re-eleboração do material histórico que aflige a memória desses grupos – são angústias coletivas que devem ser tratadas por análises institucionais coerentes e bem fundamentadas. Não se pode improvisar nesse domínio...

Diante desse quadro social e político é preciso que os cientistas sociais e historiadores (os psicólogos sociais, assistentes sociais, etc) tenham em mente que é preciso resistir as forças de espetacularização e banalização midiática da história e da cultura popular. Resistir a comercialização barata da cultura, do patrimônio, do folclore e do passado, com muita energia e esclarecimento. Mas é preciso também saber trabalhar com as resistências da própria comunidade (grupo receptor), que muitas vezes cobram dos próprios pesquisadores e cientistas soluções rápidas e projetos de salvação e redenção econômica – tipo Projetos de Auto-Sustentabilidade, Arranjo Local Produtivo, Design Padronizado, etc. Temos que ter consciência das contradições que são inerentes ao processo de investimento social no campo da memória, do patrimônio e da cultura, na atualidade. Essa preocupação é legitima e exige do cientista social e do historiador um trabalho responsável digno de ser considerado um trabalho científico, que é a expectativa da sociedade brasileira. Essa expectativa não ilusória, ela está inscrita na Constituição Federal, nos artigos 215 e 216, nos quais está garantido que todo cidadão brasileiro tem direito a ‘cidadania cultural’ – algo que na atualidade não pode ser esquecido ou negligenciado por ninguém.

Alexandre Corrêa - UFMA

13 de setembro de 2006

Artigo Teatro das Memórias Jornal O Estado do Maranhão

TEATRO DAS MEMÓRIAS DE SÃO LUÍS 400 ANOS

A cidade de São Luís, daqui a apenas seis anos, completará 400 anos de existência histórica, atestada em registros e documentos oficiais. São quatro séculos de formação urbana e configuração de uma paisagem humana e natural transformada pela ação de diferentes povos, que não habitavam a ilha do Maranhão. Isso não quer dizer que a ilha não fosse habitada, ou que não houvesse vestígios de qualquer civilização anterior a 1612. Pelo contrário, com a comemoração dos quatro séculos de São Luís não devemos esquecer que a presença humana na ilha do Maranhão (Upaon-Açu) vem de longa data. Ao tomarmos como certa as datações do sítio arqueológico da Serra da Capivara (Piauí), a presença de grupos humanos no Maranhão e na ilha de São Luís, nos reporta, por dedução, provavelmente a milhares de anos.
O teatro das memórias sociais e naturais de São Luís, então não deve deixar de levar em conta o vasto perfil histórico e arqueológico dos povoamentos da ilha. Todos sabemos que ao chegar em Upaon-Açu, nas primeiras décadas de 1610, os europeus (portugueses, espanhóis e franceses) encontraram grupos de Tupinambás que se deslocavam da Bahia e que haviam expulsados os grupos autóctones chamados pejorativamente de Tapuias, em língua Tupi, refugiados no interior do continente. Ao construirmos as comemorações pelos 400 anos de São Luís, não devemos esquecer da complexidade cultural e histórica do processo de povoamento da ilha. No teatro das memórias da São Luís não podemos vacilar e desprezar o jogo complexo do esquecer e do lembrar da sociedade local. Ao investir na história cultural de São Luís, devemos saber cultivar com injustiça a pluralidade dos grupos humanos que contribuíram para sua formação, como, por exemplo, os negros africanos, transportados em séculos de tráfico de escravos, e os sírios e libaneses que desde o começo do século XX migram para o Maranhão.
Chegou a hora – pode-se dizer que com algum atraso – de passarmos a investir na memória social e natural plural da ilha e da cidade. Devemos superar o reducionismo de um investimento restrito que insiste em restringir-se a expressão arquitetônica do patrimônio histórico inscrito na lista da Unesco, em 1997. Ao ficarmos presos a matriz arquitetural, desprezamos as múltiplas determinações da formação humana da cidade. Nas comemorações pelos 400 anos devemos nos preparar para promover e investir na pluralidade e na multiplicidade da expressão cultural e histórica dos diferentes grupos humanos que povoaram e povoam a ilha e a cidade. Porém, não podemos nos restringir apenas a memória social e histórica. Devemos ir mais além, não nos esquecendo da paisagem natural da cidade. É lamentável que ainda não tenhamos um Jardim Botânico, um Jardim Zoológico, um Parque da Cidade! O teatro das memórias de São Luís está mutilado, não está completo. Sem um investimento social e coletivo nas expressões do patrimônio bio-cultural integrado, não se estará contribuindo para o desenvolvimento equilibrado das forças sociais e culturais da ilha e da cidade. É preciso integrar a natureza e o meio ambiente no processo de preservação, ao custo de estarmos promovendo um desenvolvimento unilateral fraturado, pois ao nos fixarmos apenas no cenário arquitetônico estamos contribuindo, como mero álibi, para a destruição da natureza e a perda da pluralidade da diversidade bio-cultural exuberante dessa parte do país, que merece mais atenção e respeito de todos nós e, principalmente, das autoridades estabelecidas.

Prof. Dr. Alexandre Fernandes Corrêa – UFMA – alex@ufma.br
Coordenador do Grupo de Pesquisa Patrimônio e Memória

Veja Notícia - ASCOM/UFMA
http://panaquatira.ufma.br/noticias/noticia.php?id=1334&print=1

Teatro das Memórias: Fotos das Atividades Pedagógicas

SLIDES Teatro das Memórias Sociais e Naturais

Apresentação do Conceito de Teatro das Memórias: entre o passado e o futuro.



Turma da Tarde




Mural



Apresentação






Visita ao Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia

17 de agosto de 2006

Retábulo da Igreja de São José do Desterro



TEATRO DAS MEMÓRIAS: entre o passado e o futuro.

APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA

Em virtude da expansão econômica observada a partir de meados do século XVIII, a paisagem urbana da cidade de São Luís foi sendo constituída, sobretudo, com significativo número de casarões, solares e sobrados, residências dos ricos comerciantes e proprietários de escravos. Com portas e janelas amplas, adaptadas ao clima equatorial, surgia um portentoso e compacto conjunto arquitetônico, reflexo das riquezas geradas nesse período. Todavia, a partir do século XX, um segmento social, detentor do poder, respirando os ares da modernidade, começou a representar o conjunto arquitetônico ludovicense como empecilho para o seu pleno desenvolvimento. Contudo, os casarões coloniais sobreviveram e ingressaram no século XXI; seu sentido vem sendo ressignificado e sua existência vem se tornando parte constitutiva da noção de uma cidade moderna.
Assim, às vésperas de comemorar 400 anos, duas cidades se contrapõem e se complementam... Uma cidade velha, hoje denominada de Centro Histórico, valorizada pelo seu passado, que garante a São Luís o status simbólico de Patrimônio Cultural da Humanidade, e a cidade moderna que dá suporte a investimentos urbanísticos mais ousados. Em face da proximidade das comemorações quatrocentenárias, urge que a cidade se reencontre com suas histórias, com suas memórias subterrâneas, com os sentidos concorrentes que fazem São Luís ser, ao mesmo tempo, singular e multifacetada.
Nesse contexto, é importante que o cidadão ludovicense conheça sua cidade, recuperando diferentes histórias e sensações. Na área do Centro Histórico de São Luís, especificamente, o projeto Teatro das Memórias, está dando continuidade ao projeto de Educação Patrimonial promovido nessa localidade em 2004, pela 3SR do Iphan (IPHAN – MA), Grupo de Estudos e Pesquisas do Patrimônio e Memória (GEPPM), Núcleo Gestor do Centro Histórico de São Luís (NGCHSL) e União de Moradores do Centro Histórico de São Luís (UMCHSL).
Naquela ocasião, desenvolveu-se um trabalho de pesquisa em acervos fotográficos de famílias dos bairros e organizou-se uma oficina de fotografia e artes plásticas com as crianças residentes nos logradouros. Esta nova ação, iniciada em março de 2006, está sendo realizada através do UMCHSL e coordenado pelo GEPPM, que articula de forma interdisciplinar, com profissionais capacitados e qualificados, a metodologia a ser aplicada em cada etapa do supracitado projeto.
Iniciamos os trabalhos com a oficina Lugares da Memória, voltada para o segmento da terceira idade. Ao longo de uma semana 30 idosos da comunidade compartilharam suas experiências e adquiriram novas, a partir de uma série de atividades como: palestras, oficinas de pintura e atividades lúdicas. O objetivo era aprofundar o alcance das ações de promoção cultural da memória social e do patrimônio cultural do Centro Histórico de São Luís.
Atualmente, o projeto Teatro das Memórias está desenvolvendo seu calendário de atividades com o patrocínio da Companhia Vale do Rio Doce e conta com o apoio de órgãos como IPHAN-MA, SEBRAE, Centro de Educação e Cidadania (CEDUC), Superintendência do Patrimônio Cultural do Estado do Maranhão e Fundação de Patrimônio do Município. As atividades estão sendo desenvolvidas com 44 jovens residentes nos bairros do Desterro, Portinho e Praia Grande, que compõem o Centro Histórico e acontecem nos turnos matutino e vespertino no mezanino do CEDUC, casarão situado no bairro do Desterro.
Cerca de 60% das crianças freqüentadoras do projeto foram participantes do então Projeto de Educação Patrimonial Viver o Desterro, realizado em 2004. Atualmente, esse grupo de crianças e pré-adolescentes carentes da comunidade está conhecendo e participando, de forma mais acurada, da história de sua área de moradia e, por conseguinte, das singularidades que envolvem a própria história de São Luís. Tal encontro está se dando, sobretudo, através da História, da literatura, da poesia, do teatro, do desenho e das artes plásticas. Vale ressaltar: nesse leque metodológico, as vivências das crianças são priorizadas como ponto de partida para o encontro entre antigos / novos conceitos e valores que cercam o passado, o presente e o futuro dessa área singular.
O Grupo de Estudos e Pesquisas do Patrimônio e Memória acredita que para atingir os objetivos propostos é imprescindível que se construa paulatinamente junto ao grupo-receptor um referencial coletivo que recubra um nível mais profundo das relações sociais, condição que exige um trabalho diferenciado, à medida que a estrutura mental é o nível que se move de forma mais lenta na estrutura social. Nesse sentido, as ações não se esgotam em 2006, exigindo continuidade. Portanto, em 2007, o projeto Teatro das Memórias pretende realizar outras ações que dêem suporte para que esses jovens se tornem agentes comunitários e que possam, a longo prazo, nas suas ações cotidianas, dar prosseguimento a esse trabalho de preservação, conservação e valorização do patrimônio cultural do Centro Histórico de São Luís.
Entendemos, também, que o projeto Teatro das Memórias necessita ao longo do ano de 2007 ampliar seu leque de ações. Nesse sentido, pretendemos incluir, de forma mais efetiva, o segmento da terceira idade, promovendo uma interação entre gerações, por acreditar que esse diálogo seja imprescindível no processo de construção e valorização da memória social.
Vale destacar, ainda, que o projeto Teatro das Memórias tem em vista, em longo prazo, participar efetivamente das discussões acerca da construção coletiva do IV Centenário da Fundação de São Luís. Os resultados dessa parceria cultural e artística objetiva preparar e articular os agentes comunitários para a elaboração de um calendário de atividades coletivas, em prol da conservação, preservação e promoção da memória social e do patrimônio cultural da capital do Estado do Maranhão.

OBJETIVOS:

1. OBJETIVO GERAL

Preservar o patrimônio cultural de São Luís através da promoção de ações culturais no Centro Histórico, agenciando a inserção e a participação dos atores sociais nesse processo. Além de continuar incentivando o Grupo - Receptor a perceber a importância da história e da memória dessa área, bem como, da valorização, preservação e conservação do patrimônio edificado e humano que compõem os três bairros do Centro Histórico de São Luís.

2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Incentivar antigas /novas manifestações culturais existentes nessa comunidade.
• Criar acervo iconográfico (álbuns de famílias) referente a paisagem urbana dos bairros que compõem o Centro Histórico.
• Criar Laboratório de valorização da Memória Social dos moradores do Centro Histórico com crianças/ pré-adolescentes
• Promover encontros de sociabilidade e valorização da Memória com o segmento da terceira idade.

ALGUNS RESULTADOS

Ao final das atividades do ano de 2007, esperamos ter dado continuidade ao processo de valorização do sujeito que habita e constrói esse espaço social. Ter Potencializado o sentimento de pertencimento desse grupo em relação á área que habita. Ter incentivado o grupo a perceber o idoso como fonte de conhecimento/ memória.

• Realizar um evento no dia do “Patrimônio” (06/12) apresentando para a sociedade material produzido ao longo de 2006 e 2007.
• Publicar um livro (06/12) com as memórias/histórias do bairro do Desterro a partir de lembranças dos idosos participantes do projeto.

METODOLOGIA

Embora não se possa considerar que as ações desenvolvidas pelo projeto Teatro das Memórias no Centro Histórico de São Luís, constituam uma pesquisa antropológica nos moldes clássicos, os pressupostos teóricos e metodológicos da antropologia, bem como da História balizam e norteiam os trabalhos desenvolvidos. Os conceitos básicos da antropologia urbana, bem como o primado metodológico do trabalho de campo e da observação participante, estão presentes a cada etapa do desenvolvimento da pesquisa.
Entretanto, vale lembrar, que todas as etapas estão e serão precedidas de intensivo, trabalho de levantamento bibliográfico e de pesquisa histórica sobre os bairros que compõem o Centro Histórico de São Luís. Tal levantamento englobará os acervos do Arquivo Público do Estado do Maranhão, da Biblioteca Pública Benedito Leite, passando por obras de referência sobre a cidade de São Luís e/ ou estudos monográficos e dissertações feitos por historiadores e Cientistas Sociais locais. Terá continuidade ainda, o trabalho de coleta de documentação iconográfica relativa aos bairros do Portinho, Desterro e Praia Grande, além do recolhimento das memórias dos moradores mais antigos que habitam essa área.
Nesse sentido, o que se busca é construir um modelo de pesquisa de eixo histórico-antropológico, mas que não poderia pretender, senão, decifrar fragmentos de um universo muito mais amplo e complexo de relações sociais, temas de organização, valores e regras de conduta que ordenam a construção do sentido de experiência de vida dos moradores dos bairros que compõem o Centro Histórico de São Luís.
Na fase inicial das atividades foram realizadas visitas domiciliares visando a sensibilização do grupo receptor, além de servirem como um instrumento de conhecimento da realidade, sobretudo, familiar ao qual as crianças e pré-adolescentes estão inseridos. Nesse sentido, é importante frisar que dados observados nestas visitas, em particular, serviram de parâmetros para análises de problemáticas identificadas em algumas crianças no decorrer dessa etapa.
Cabe frisar ainda, que tais atividades visam dentre outras coisas, despertar o interesse pelo presente/ passado histórico do lugar, propiciando a descoberta de valores com os quais cada indivíduo possa afirmar sua identificação cultural e se reconhecer enquanto ser atuante em um grupo social. Acontecerão ainda, avaliações em processo para assegurar o alcance dos resultados propostos e avaliação externa além de acompanhamento do grupo receptor após realização das ações.

Fachada da Igreja do Desterro

13 de agosto de 2006

Sabina Spielrein - Crianças e Psicanálise


Sabina Spielrein (Rostov, 1885 — 1942) foi uma das primeiras mulheres psicanalistas do mundo. Russa, de uma família de mercadores judeus, foi assassinada em 1942 por soldados nazistas na mesma cidade onde nasceu. Casou-se com Pavel Scheftel, um médico russo de ascendência judia. Os dois tiveram duas filhas: Renata (1912) e Eva (1924). Ambas morreram junto a sua mãe em 1942. Scheftel foi morto no Grande Terror (política repressiva orquestrada por Josef Stalin), em 1936.

Entre 1904 e 1905, Spielrein esteve internada no hospital Burghölzli em Zurique, onde trabalhava Carl Gustav Jung. Entre 1904 e 1911, estabeleceu forte relação afetiva com C. G. Jung. Posteriormente, após Spielrein sair do hospital e começar a estudar medicina, teve Jung como seu mentor de dissertação. Até mesmo o próprio trabalho de Jung adquiriu certa influência de Spielrein.
Graduou-se em 1911, defendendo uma dissertação sobre um caso de esquizofrenia. No mesmo ano, foi aceita como membro da Sociedade de Psicanálise de Viena.
Em 1923, Spielrein retornou para a União Soviética e, junto com Vera Schmidt, criou um jardim de infância em Moscou, sendo todas as paredes e as mobílias de cor branca, o que deu o apelido ao lugar de Enfermaria Branca. A instituição tinha como principal finalidade o rápido amadurecimento crítico e analítico das crianças. A Enfermaria Branca foi fechada três anos depois por autoridades soviéticas sob a justificativa de que o local provia práticas de perversões sexuais para as crianças. Um fato interessante foi que o próprio Stalin matriculou seu filho Vassili neste lugar, mas com um nome falso.
Um documentário chamado Ich hieß Sabina Spielrein (Meu nome era Sabina Spielrein) foi feito em 2002 pela diretora sueca Elisabeth Marton, sendo lançado nos Estados Unidos no final de 2005. Também foi produzido um filme pelo cineasta Roberto Faenza, o Prendimi l’anima, ou Jornada da alma no Brasil, com Emilia Fox como Spielrein e Iain Glen como Carl Gustav Jung.

* * *
As origens do conceito de pulsão de morte:
introdução à obra de Sabina Spielrein


Renata Udler Cromberg

RESUMO

Este texto faz parte de um duplo projeto: uma pesquisa que venho realizando na qual analiso os documentos encontrados no início dos anos setenta e nomeados como Dossiê Spielrein, que trouxeram a tona a psicanalista, Sabina Spielrein, através do seu diário e da sua correspondência com Freud e Jung, bem como seus escritos principais e a iniciativa da publicação de sua obra completa em português, projeto em curso através da Editora Casa do Psicólogo, previsto para 2006. A análise do dossiê e dos seus textos permite afirmar que ela foi a visionária, introdutora e inventora do conceito de pulsão de morte em psicanálise. Isto se deu no seu texto de 1911, A destruição como causa do devir,2 apresentado parcialmente, em sua primeira parte, em novembro daquele ano, na Sociedade Psicanalítica de Viena, da qual ela foi a segunda mulher a tomar parte e se filiar. A análise deste texto permite localizar as origens do conceito de pulsão de morte em Sabina Spielrein como antecipador do percurso freudiano e em profunda ligação com a ruptura entre Jung e Freud. Além disso, a ausência de seu nome por seis décadas das obras fundamentais da história da psicanálise aponta para um soterramento histórico que precisa ser compreendido. O escrito princeps visionário de Sabina Spielrein foi seguido de escritos importantes, principalmente de As origens das palavras infantis Papai e Mamãe (1922), lido no VI Congresso Internacional de Psicanálise, o mesmo em que Freud leu Mais além do Princípio do prazer, em 1920, (publicado, então, como Sobre o problema da origem e do desenvolvimento da linguagem) e Algumas analogias entre o pensamento da criança, o do afásico e o pensamento subconsciente (1923), que esboçam uma teoria psicanalítica da origem e do desenvolvimento da linguagem nas crianças e da formação do símbolo. Tendo trabalhado com Jean Piaget no Instituto Rousseau, em 1920, tendo sido sua analista e tendo ambos pertencido nesta época à Sociedade Suíça de Psicanálise, sendo que Piaget leu seu trabalho O pensamento simbólico e o pensamento da criança no VII Congresso Internacional de psicanálise, em 1922, podemos afirmar o pioneirismo destas idéias e de um solo comum na discussão das questões sobre a formação do pensamento e da linguagem que deram origem tanto à teoria piagetiana como à teoria psicanalítica proposta por Spielrein.
A verdade, que vem à tona da análise de seus três principais textos e de algumas observações feitas em seu diário e suas cartas é que Sabina Spielrein é uma teórica inovadora em psicanálise e uma pioneira em vários sentidos: primeira analista mulher de crianças, primeira a escrever sobre esquizofrenia usando este termo, primeira a escrever uma tese sobre psicanálise em uma universidade, primeira, junto com Stekel, o que ela logo reconhece, a pensar e formular o componente destrutivo da pulsão e a presença de uma força além do princípio do prazer, que busca o desprazer, que seria nomeada posteriormente por Freud de masoquismo primário. Uma original teórica, pois, embora partindo sempre de imagens, pois para ela, o pensamento parte sempre de imagens, não fica nelas. Trabalha com argumentos, desenvolve raciocínios e avança hipóteses metapsicológicas.

Palavras chaves: pulsão de morte, Sabina Spielrein, destruição, linguagem.
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1 Para a pós-graduação no Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, intitulada “O trabalho do amor: Sabina Spielrein e as origens do conceito de pulsão de morte”sob a orientação do prof. Dr. Nelson da Silva Junior.
2 Spielrein, Sabina. La destruction comme forme du devir. In Guibault, M. et Nobecourt, J. Entre Freud et Jung, Paris, Editions Aubier Montaigne, 1981.
 

Carta geométrica da barra do Maranham, cidade de São Luiz do Maranham

Descrição


Este mapa manuscrito mostra a cidade de São Luís do Maranhão, conforme era, por volta de 1800. Localizada na costa nordeste do Brasil, a cidade precede a colonização europeia do Brasil. Era uma grande aldeia dos povos Tupinambás locais antes de ser invadida pelos franceses em 1612, que rebatizaram-na como Saint Louis (do santo do mesmo nome) e em homenagem ao rei Louis XIII. Menos de três anos mais tarde, os portugueses capturaram a cidade dos franceses. Sob o governo português, São Luís do Maranhão tornou-se sede da Diocese de São Luís do Maranhão e a capital do estado do Maranhão. A cidade também foi um importante centro de exportação de produtos agrícolas da região norte do Brasil, como o açúcar, o tabaco e o cacau. As inscrições no mapa indicam canais aquáticos e profundidadas necessários à navegação.

Data de Criação. Por volta de 1800
Fonte: Biblioteca Mundial Digital
http://www.wdl.org/pt/item/894?ql=por&s=S%C3%A3o+Lu%C3%ADs+Maranh%C3%A3o&view_type=list

Teatro das Memórias: entre o passado e o futuro.

No começo do mês de junho próximo (2006), vamos recomeçar os trabalhos de extensão universitária da UFMA, no bairro do Desterro em São Luís. Trata-se de um marco importante na mudança da matriz dominante no campo do preservacionismo cultural no Maranhão. É um grande passo na superação do paradigma arquitetural na área do patrimônio histórico, comumente reduzido à visão de “pedra e cal”. É um novo caminho no sentido da promoção das memórias sociais e da história dos bairros da capital ludovicense.
O Projeto de Ação Cultural Teatro das Memórias no Centro Histórico faz parte de um projeto mais amplo que vem sendo desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas do Patrimônio e Memória da UFMA, na região metropolitana de São Luís. Na sua concepção macro tem–se como objeto de pesquisa e análise as políticas do patrimônio bio-cultural implementadas nos museus, eco-museus e centros culturais da ilha. Tomando como pano de fundo a dinâmica etno-histórica das identidades culturais regionais e locais, almejamos trabalhar as particularidades e singularidades do processo de preservação e transformação da natureza e da cultura local, na atualidade. Nesse trajeto focalizamos especialmente os chamados novos patrimônios, objetos de ação preservacionista mais recente, na cena das políticas culturais e ambientais - numa cidade que ainda não tem um Jardim Botânico ou um Horto Florestal aberto ao público, isto é, um Teatro da Memória da Natureza democrático e cidadão.
Destarte, na área do Centro Histórico de São Luís, pretendemos dar continuidade ao Projeto de Educação Patrimonial desenvolvido nessa localidade em 2004. Naquela ocasião, aconteceu um trabalho de pesquisa em acervos fotográficos de famílias dos bairros e organizou-se uma oficina de fotografia e artes plásticas com as crianças residentes nos logradouros próximos. Nesta nova ação pretendemos aprofundar, através do teatro e de outras artes, o alcance das ações de promoção cultural da memória social e do patrimônio cultural do Centro Histórico da capital.
Vale destacar que o Projeto Teatro das Memórias tem em vista, em longo prazo, participar efetivamente das discussões acerca da construção coletiva do IV centenário da fundação de São Luís. Os resultados dessa parceria cultural e artística da UFMA com a comunidade, o Estado, a Prefeitura, e as empresas privadas nos preparam para a elaboração conjunta de um calendário de atividades coletivas, em prol da conservação, preservação e promoção da memória social e do patrimônio cultural da capital do Estado do Maranhão.
Nesse processo pretende-se desenvolver atividades voltadas para o tema da transmissão das heranças culturais e dos patrimônios coletivos, através do encontro entre as memórias de diferentes grupos sociais que habitam e convivem no Centro Histórico, trabalhando com crianças e adolescentes em constante diálogo com adultos e idosos.
A execução do projeto será efetuada em parceria com a União de Moradores do Centro Histórico de São Luís, coordenado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas do Patrimônio e Memória da Universidade Federal do Maranhão. O calendário de atividades do ano de 2006 será voltado para crianças e idosos, e, em 2007, pretende-se incluir também adolescentes e adultos da comunidade. As atividades desenvolvidas ao longo de 2006, com um grupo de 40 crianças, serão patrocinadas pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) - empresa que merece, desde já, nossos agradecimentos.
Um dos produtos finais dos trabalhos realizados em 2006 será a Encenação Teatral a ser apresentada no Dia do Patrimônio (6 de dezembro), quando se comemora a inclusão do Centro Histórico de São Luís na Lista do Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco (1997). Nesse momento, serão apresentados ainda outros produtos criados pelos participantes nos Laboratórios e Oficinas de Arte e Cultura, realizadas ao longo do projeto. Desse modo, pretendemos intensificar a participação da Universidade na vida da cidade, contribuindo para a renovação do seu imaginário urbano e promovendo um diálogo fecundo, criativo e participativo “entre o passado e o futuro” nas diversas comunidades que formam o tecido e a rede metropolitana dessa fantástica cidade de São Luís do Maranhão.

Prof. Dr. Alexandre Fernandes Corrêa - Adjunto de Antropologia (UFMA)
Coordenador do Grupo de Pesquisa Patrimônio & Memória

12 de agosto de 2006

Fotos de São Luís/MA

Palácio dos Leões - Sede do Governo Estadual













Fotos de Gaudêncio Cunha - 1908