Edital MCT/CNPQ 14/2008 Universal Processo 470333/2008-1



21 de novembro de 2007

FOTOS DE SÃO LUÍS DE GAUDÊNCIO CUNHA - 1908

FOTOS DE GAUDÊNCIO - 1908


* * *
GRUPO ESTUDOS CULTURAIS 2008

Saudações Culturais!


Comunicação aos Participantes:

1. Até o fim do ano teremos reuniões nos dias: 05/11, 12/11, (19/11 - não terá), 26/11, 03/12, 10/12, 17/12. Atenção: A partir de Janeiro/2008 as reuniões acontecerão QUINZENALMENTE.

2. Para o Próximo dia 05/11, teremos:
Apresentação de Simony Nunes/CS, sobre o texto "Artíficio e Autenticidade" de Silvana Araújo (texto no CA de História).
Até o fim do ano, faremos reflexões relacionadas a este tema baseado nos seguintes textos:
- Lévi-Strauss, "Antropologia Estrutural I" (último capítulo - parte "Critérios da Autenticidade");
- Jean Baudrilllard - "Simulacros e Simulação" (o que puderem ler desse autor e desse livro);
- José Reginaldo Gonçalves (IFCS/UFRJ) - Texto: "Autenticidade, Memória e Ideologias Nacionais" (texto em anexo a esta mensagem);
- Alexandre Corrêa - Texto: "Patrimônios bioculturais na hipermodernidade: a crise dos critérios de autenticidade" (em anexo a esta mensagem).
- Henri Pierre Jeudy - Livro: Espelho das Cidades. Especialmente o capítulo: "A Clonagem das Cidades".

3. Até o final do ano quero dos Bolsistas e participantes do GEC, um relatório das leituras que fizeram este ano;

4. Criar uma Programação para 2008.

Atenciosamente,

Alexandre Corrêa.

PS - "O Simulacro é Verdadeiro", O Eclesiastes.

"La vida personal, la expresión, el conocimiento y la historia avanzam oblicuamente, y no directamente, hacia fines o hacia conceptos. Lo que se busca demasiado deliberadamente, no se consigue". Maurice Merleau-Ponty.

"Si no conoces la respuesta, discute la pregunta". Clifford Geertz.

11 de agosto de 2007

Projeto 46 Anos UFMA & 400 anos São Luís

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


GRUPO DE TRABALHO

PROJETO UFMA 46 ANOS & SÃO LUÍS 400 ANOS (2012-16): Francesa ou Portuguesa?

SÃO LUÍS/2007

APRESENTAÇÃO

Projeto de criação de um GRUPO DE TRABALHO que elaborará e organizará os eventos e promoções culturais para as comemorações dos 46 anos da UFMA e dos 400 anos da cidade de São Luís, no âmbito da Universidade Federal do Maranhão. Trata-se de um GRUPO DE TRABALHO (Comitê), vinculado a Vice-Reitoria, para a coordenação dos diversos eventos promocionais e festividades que deverão ocorrer antes e durante a importante data histórica dos 400 anos de fundação da cidade de São Luís (1612) e dos 46 anos de fundação da Universidade Federal do Maranhão.

PRODUTOS E LINHAS DE AÇÃO

Entre outros produtos e linhas de ação cultural, social, artística, científica, promocional e turística que se pode desenvolver, temos:
1) Criação de linhas editoriais sobre a cidade de São Luís: publicação de teses de doutorado, dissertações de mestrado e monografias de especialização e graduação – além de trabalhos literários e científicos premiados e de grande valor cultural, artístico e científico;
2) Criação de concursos literários e humanísticos vinculados ao tema;
3) Exposições de arte e cultura;
4) Festivais de música, teatro e dança;
5) E ainda diversas manifestações culturais dos diferentes grupos formadores da sociedade maranhense – como os povos indígenas, os afro-descendentes, os sírios e libaneses, e outros grupos de migrantes que se enraizaram no Estado do Maranhão.

Porém, para concretizar tudo isso é preciso uma preparação profissional, organizada com muita antecedência. Não consideramos prematuro propor preparativos para um evento que acontecerá apenas em 2012.
Como preparação para o ano de 2012, podemos, nesse intervalo de tempo, estabelecer vínculos e realizar comemorações em conjunto com a cidade de Quebec no Canadá - fundada por franceses, no mesmo contexto histórico que propiciou o estabelecimento da colônia da "França Equinocial" no Maranhão - e que estará completando 400 anos já em julho de 2008. Essa parceria poderá vir a ser um forte atrativo de turistas canadenses para a cidade de São Luís.
A idéia é que São Luís e Quebec podem ser consideradas "cidades-irmãs", por conta de suas origens em comum e proximidade de suas respectivas fundações históricas. O ano de 2008 poderia assim ser declarado "Ano de Quebec no Maranhão".
Outra idéia considera a possibilidade de no dia 08 de setembro de 2012 realizar uma Maratona em nossa cidade – proposta que será encaminhada à Prefeitura de São Luís. Maratona que contaria com a participação de atletas de países de língua portuguesa e de língua francesa, como símbolo de amizade entre essas nações. Esse evento teria um custo relativamente pequeno para a sua realização, mas certamente causaria um grande impacto promocional e turístico em São Luís - a cidade que nasceu francesa e se tornou a mais portuguesa das capitais brasileiras.

Entidades Propositoras e Parceiras

Sindicato dos Sociólogos do Estado do Maranhão
Grupo de Estudos e Pesquisas Patrimônio & Memória/UFMA
Projeto de Ação Cultural Teatro das Memórias/GEPPM
Grupo de Trabalho São Luís 400 Anos e 46 Anos UFMA

OBS: Cabe salientar que as Ideias e os Projetos, elaborados desde o ano de 2008, não foram contemplados com o apoio declarado; e jamais receberam aporte financeiro de qualquer instância universitária ou de governo. O apoio restringiu-se ao uso da sala 19 do CEB/Velho, via Vice-Reitoria, e a entrega de equipamentos de escritório, por parte da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Maranhão (2009). Todas as despesas ocorridas desde então foram pagas pelos membros do GT.

27 de junho de 2007

PROJETO MUSEU DAS CRIANÇAS

A CASA DE SER CRIANÇA

"Do Passado Emergirão as Crianças do Futuro"
Wilhelm Reich

"Museu das Crianças: a casa de ser criança".
Alexandre Fernandes Corrêa - UFMA

INTRODUÇÃO

Este trabalho de Pesquisa e Extensão - Museu das Crianças - pretende realizar projetos que levem a criança a aprender participando, criando e imaginando.

Inicialmente nos dedicaremos a trabalhar a História das Cidades e dos Sítios Históricos, na linha inglesa do “living history”, para em seguida desenvolver técnicas em que a forma criativa e alegre de ensinar seja aplicada a qualquer aprendizagem. O êxito deste projeto será medido pelos risos, o entusiasmo, o brilho dos olhos e as perguntas que nascerem das crianças.

PORQUÊ O MUSEU DAS CRIANÇAS

Nosso objetivo é levar cada projeto ao maior número possível de crianças. Como o esforço e os estudos necessários para efetivar tal empreendimento são tamanhos, buscamos encontrar uma fórmula, nos moldes do projeto do Museu das Crianças da Cidade de Lisboa, “para que a festa permanecesse, se recriasse dentro de si mesma, suprisse faltas que parecem inevitáveis nas escolas, e ensinasse os caminhos do sonho a uma geração inteira, e outras depois dessa”.

Foi assim que chegamos a idéia do Museu das Crianças. “As crianças são um campo fértil, e tudo o que deslumbra permanece e é semente”. Cada uma delas será, no decorrer da sua vida, responsável pelos frutos – mas, quanto mais se der à partida, maior será a capacidade da promessa. Porém, vamos começar o Museu de “pernas para o ar”. E isto porque os museus se fazem, normalmente, quando existe um conjunto de peças, e aqui ao contrário. Faz-se o museu porque há crianças.

O MUSEU

Deparamo-nos, neste ponto, com algo parecido com o que acontece com a escrita Árabe: escreveremos, este Museu, de lá para cá.

“As crianças serão, assim, o acervo deste museu antimuseu, e ao redor delas que irão mover-se e animar-se objetos, idéias, possibilidades”.

As coisas serão feitas de maneira que os objetos sejam criados constantemente pelas crianças que os irão explorar, de todos os avessos possíveis, como um brinquedo, e reinventando sempre a sua própria relação com as coisas, e a das coisas umas com as outras. Trata-se de uma experiência semelhante com aquela de ver a sala de aula de cima da mesa, como sugeria o professor do filme Sociedade dos Poetas Mortos.

A COMPOSIÇÃO DO MUSEU

Para se conseguir atingir esse objetivo, o museu deve compor-se de três partes principais.

1. Uma parte fixa que terá de ter a sua função histórica. As peças de um museu não são correntes nem habituais, porque essas são conhecidas e tomadas no quotidiano. As peças de um museu devem contar qualquer coisa de diferente – e esta parte do museu deverá situar, para as crianças que venham, como foram outras infâncias: “Naquele tempo...”.

Naquele tempo o mundo que rodeava as crianças era imensamente diferente, e o infantil passava-se todo por dentro, porque, por fora, as coisas eram adultas e dos adultos. E é por isso que esta aprte do museu deverá ser feita de forma a que essas coisas se tronem imediatamente evidentes e surpreendentes para as crianças que ali chegam. Mas também de forma que essas mesmas perguntas sejam formuladas e respondidas pelas crianças. A disposição e o jogo à volta de cada peça são o que irá induzir cada criança visitante a uma atitude ativa.

2. Numa segunda parte deste museu irão decorrer exposições temporárias, que serão, na sua maioria, importações de exposições fascinantes que rodam nos museus das crianças de outros estados e países pelo mundo, que por ventura possam aportar na cidade, e se tornará acessível às crianças do lugar. Prevê-se ainda que seja possível realizar nesta parte do museu, por ter de ser fisicamente a mais flexível, réplicas de acontecimentos do mundo de gente grande, como, p. ex., uma feira de livro montada por crianças (com o apoio de monitores) e promovida por elas, e onde o livro do “dia” ou da “semana” seja tornado sedutor pelo trabalho de equipe de uma classe, de forma a cativar para ele o interesse das crianças que chegarem.

3. A terceira parte irá celebrar as artes! Como linguagem universal que são, afigura-se-nos, como aos Gregos, que são indispensáveis na educação da criança e no desenvolvimento da sensibilidade. Por isso, imaginamos um teatro, à escala infantil, mas completo, com bastidores, quarda-roupa, cenários, platéia, etc. Aqui as crianças irão criar personagens, meter-se dentro delas, representa-las, aplaudi-las ou criticá-las até perceberem como a língua que falam pode tornar-se um instrumento divertido, capaz de produzir efeitos do mesmo modo que as cores ou os sons, ou um pássaro a voar. E, através das palavras, contatar mundos novos e insuspeitados. Aqui se será possível crianças ouvirem música tocada por crianças, e existir uma familiaridade leve com os sons e com os efeitos que eles permitem infinitamente. De tal modo que tudo que for criado, possa sair das moas de grupos de crianças, orientadas por mestres destas diferentes artes, até que as crianças compreendam que este museu é delas, e como elas está crescendo, e que para isso a sua contribuição é pedida e desejada.

COMO REALIZAR

A partir do momento em que estas idéias-base se organizem, tornando-se lançamento para projetos concretos, nos dedicaremos a visitar e conhecer outras experiências de museus da criança no Brasil e no Mundo. O intercâmbio e o envolvimento de novos grupos de interessados criarão novas formas de colaboração. Recebendo propostas, pistas, histórias de percursos percorridos, e, em resumo, o apoio de que necessitam para por dos pés no caminho com garantias de êxito que todos os museus infantis têm nos seus lugares de origem.

É desnecessário nos prolongarmos na evidente necessidade de um equipamento social e cultural como este nos Sítios Históricos de nosso país. Em cidades carentes de ofertas de museus para adultos, é mais do que certa a falta de museus específicos para a clientela estudantil e infantil. Desse modo, pretendemos integrar as visitas ao museu ao calendário das escolas públicas, promovendo trabalhos de educação patrimonial de qualidade. Este trabalho está vinculado ao esforço mais amplo de garantir o exercício dos direitos culturais a todo cidadão brasileiro, como está inscrito na Constituição Federal de 1988.

Museus das Crianças pelo Mundo:

1. EUA:
· The Brooklyn Children’s Museum – (1899) – É o mais antigo museu das crianças existente no Mundo;
· Children’s Museum of Oak Bridge (Tenessee);
· Exploratorium (S. Francisco);
· Boston Children’s Museun;
· Staten Island Children’s Museum;
· Cloisters Children’s Museum;
· Capitol Children’s Museum;
· Please Touch Museum for Children;
· Richmond Children’s Museum;
· The Cleveland Children’s Museum.

2. Europa:
· França: Le Musée en Herbe (Bois de Boulogne – Paris);
· Reino Unido (Edimburgo) Museum of Childhood;
· Londres – Bethnal Green Museum of Childhood;
· Halifax – The Museum of Childood;
· Bruxelas – Musée des Enfants.

3. América Latina:
. Museo de los Niños (Caracas): http://www.maravillosarealidad.com/

MUSEUS DAS CRIANÇAS NA WEB

www.childrensmuseum.com
www.museedesenfants.be
www.quipusbolivia.org
www.museoabasto.org.ar
www.museodelosninos.org.ve
www.civilization.ca/mce_ccm/mce_ecmf.asp
museudevarginha@zipmail.com.br
www.maravillosarealidad.com/

Embora não chegue a ser um "Museu da Criança", há na Faculdade de Educação da USP o Museu da Educação e do Brinquedo (MEB) vinculado ao Laboratório de Brinquedos e Materias Pedagógicos (Labrimp). Há uma página na internet: http://www.fe.usp.br/laboratorios/labrimp/meb.htm. O endereço eletrônico: labrimp@edu.usp.br.

23 de junho de 2007

GRUPO DE ESTUDOS CULTURAIS



GRUPO DE PESQUISA, ENSINO & EXTENSÃO PATRIMÔNIO & MEMÓRIA

Convida para GRUPO DE ESTUDOS CULTURAIS

Tópicos:

Leituras e diálogos; criação e elaboração de projetos; conversas sobre temas ligados às Ciências Sociais (Antropologia e Sociologia); Literatura e Sistemas Simbólicos; Arte, Cultura e Imaginário; Processos de Globalização e Mundialização; Gestão e Política Cultural.

Inscrições:
– Currículo Lattes – Proposta ou Plano de Estudo (até 3 laudas).
Coordenador:
Prof. Alexandre Fernandes Corrêa (Dep. Sociologia e Antropologia/UFMA)

Formação Acadêmica:
- Mestrado em Antropologia Cultural (UFPE)
- Doutorado em Ciências Sociais: Antropologia (PUC/SP)
- Pós-Doutorado em Antropologia (IFCS/UFRJ)

Projeto de Pesquisa em Andamento:

Teatro das Memórias Sociais e do Patrimônio Biocultural: pesquisa antropológica na região metropolitana de São Luís/MA.(CONSEPE/UFMA Nº 1445/2006-00)

Projeto de Extensão em Andamento:

Teatro das Memórias: entre o passado e o futuro.

PERCURSO SEMESTRE 1/2007

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 1997
FOUCAULT, Michel. As Palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1992
LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975
MERLEAU-PONTY, M. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1984
WILLIAMS, R. Marxismo e literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979
___. Cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1992
BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1992
COELHO, T. Dicionário de política cultural. São Paulo: Iluminuras, 1999
GARCIA CANCLINI, N. Culturas híbridas. São Paulo: USO, 2003
JEUDY, H.-P. Memórias do social. Rio de Janeiro: Forense, 1990.
___. Espelho das cidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005
BAUDRILLARD, J. A troca simbólica e a morte. São Paulo: Loylola, 1996
BALANDIER, G. El poder enescenas. Barcelona: Paidós Ibérica, 1994
JAMESON, F. A virada cultural. Rio de Janeiro: Record, 2006

Vínculos Institucionais:
- Grupo de Trabalho do Patrimônio – ABA:
HTTP://br.groups.yahoo.com/group/gt_patrimonio/
- Fórum Patrimônio & Paisagem:
HTTP://groups.gougle.com/group/ForumPatrimonioPaisagem/topics
E.mail: ForumPatrimonioPaisagem@googlegroups.com
Mais Informações nos Blogs:
Grupo de Estudos e Pesquisas do Patrimônio & Memória (DEPSAN/UFMA):
http://gpeculturais.blogspot.com/
Portal da Comunidade Virtual de Antropologia (CVA): http://www.antropologia.com.br/
E.Mail para Contato: alexcorrea@antropologia.com.br

10 de maio de 2007

TEATRO DAS MEMÓRIAS

Teatro das Memórias: entre o passado e o futuro.

O Grupo de Pesquisa Patrimônio e Memória da Universidade Federal do Maranhão, vem desde 2001 realizando trabalhos de extensão universitária em alguns bairros da cidade de São Luís. Trata-se de uma iniciativa que vem marcando mudanças na matriz dominante no campo do preservacionismo cultural no Maranhão. Estamos dando passos importantes e colaborando para a superação do paradigma arquitetural predominante na área do patrimônio histórico, comumente reduzido à visão de “pedra e cal”. Estamos trilhando um novo caminho no sentido da promoção das memórias sociais e da história dos bairros da capital ludovicense.
O Projeto de Ação Cultural Teatro das Memórias faz parte de um projeto mais amplo que vem sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa do Patrimônio e Memória, na região grande metropolitana de São Luís. Na sua concepção macro temos como objeto de pesquisa e análise as políticas do patrimônio biocultural implementadas nos museus, eco-museus, parques e centros culturais da ilha. Tomando como pano de fundo a dinâmica sócio-histórica das identidades culturais regionais e locais, almejamos trabalhar as particularidades e singularidades do processo de preservação e transformação da natureza e da cultura local, na atualidade. Nesse trajeto focalizamos especialmente os chamados novos patrimônios, objetos de ação preservacionista, na cena das políticas culturais e ambientais - algo especialmente importante numa cidade que ainda não tem um Jardim Botânico, um Horto Florestal, ou um Parque da Cidade, abertos ao público, isto é, não possuímos ainda um Teatro das Memórias da Natureza verdadeiramente democráticos e de livre acesso a todos os cidadãos.
Desde 2001, o Grupo de Pesquisa do Patrimônio e da Memória (GPPM/UFMA) vem desenvolvendo linhas de pesquisa e trabalho em acervos fotográficos de famílias dos bairros, organizado oficinas de fotografia e artes plásticas, oficinas de cultura e memória social, oficinas de artesanato e manifestações artísticas e culturais, além de palestras e eventos com crianças, jovens, adultos e idosos residentes em diferentes logradouros da cidade. Em cada nova edição da ação cultural pretendemos aprofundar, através do teatro e de outras artes, o alcance dos trabalhos de promoção cultural da memória social e do patrimônio histórico e ambiental da capital e da ilaha de São Luís.
Vale destacar que o Projeto Teatro das Memórias tem em vista, em longo prazo, participar efetivamente das discussões acerca da construção coletiva do IV centenário da fundação de São Luís. Os resultados dessa parceria cultural e artística da UFMA com a comunidade, o Estado, a Prefeitura, e as empresas privadas nos preparam para a elaboração conjunta de um calendário de atividades coletivas, em prol da conservação, preservação e promoção da memória social e do patrimônio cultural da capital do Estado do Maranhão.
Nesse processo pretende-se desenvolver atividades voltadas para o tema da transmissão das heranças culturais e dos patrimônios coletivos, através do encontro entre as memórias de diferentes grupos sociais que habitam, convivem e formaram a cidade e os municipios da ilha de São Luís, além é claro do Centro Histórico - trabalhando com crianças e adolescentes em diálogo intersubjetivo com adultos e idosos das diferentes classes sociais.
A execução desse Projeto de Ação Cultural se dá sempre em parceria com as entidades civis, como União de Moradores e Amigos de Bairro, Sindicatos e outras instituições culturais. A coordenação geral é feita pelo Grupo de Estudos e Pesquisas do Patrimônio e Memória da Universidade Federal do Maranhão. O calendário de atividades e ações culturais e artísticas sempre é elaborado em conjunto com a comunidade. Fortalecendo o diálogo entre as crianças, os jovens e os idosos.
Todo ano temos priorizado a nossa participação no Dia do Patrimônio (6 de dezembro), quando se comemora a inclusão do Centro Histórico de São Luís na Lista do Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco (1997). Nessa data apresentamos os resultados dos trabalhos realizados nas comunidades, quando são expostos os produtos criados pelos integrantes dos Laboratórios e Oficinas de Arte e Cultura, no decorrer de todo o ano. Desse modo, pretendemos intensificar a participação da Universidade na vida da cidade, contribuindo para a renovação do seu imaginário urbano e promovendo um diálogo fecundo, criativo e participativo “entre o passado e o futuro” nas diversas comunidades que formam o tecido e a rede metropolitana dessa fantástica cidade de São Luís do Maranhão.

Prof. Dr. Alexandre Fernandes Corrêa - Adjunto de Antropologia (UFMA)
Coordenador do Grupo de Pesquisa Patrimônio & Memória e do Grupo de Estudos Culturais.

59ª Reunião Anual da SBPC UFPE / Hangar - Belém/PA 8 a 13 de julho de 2007
Título: TEATRO E EDUCAÇÂO PATRIMONIAL NO BAIRRO DO DESTERRO: A PROPOSTA DO TEATRO DAS MEMÓRIAS
Área: H.1.8. - Teatro e Ópera
Autores Danielle de Jesus de Souza Fonsêca
Data Programada: 13-7-2007 Período: Tarde Número do Painel: 254
http://www.servicos.sbpcnet.org.br/sbpc/59ra/senior/pesquisatrab.asp?acao=consultar

* * *
A DIALÉTICA DA PERMANÊNCIA DO PASSADO.


Uma questão recorrente vira e mexe retorna a cena. E nos diários e periódicos de todas as cidades brasileiras, com centros urbanos antigos, observamos retornar com freqüência o problema do que fazer com as sobras do passado; quais os usos do passado no mundo de hoje. É uma preocupação sedimentada e desenvolvida por diversos estudiosos. Atualmente a UNESCO tem levado a frente campanhas de grande repercussão planetária; das quais se destaca as Listas de dos Patrimônios Naturais e Culturais da Humanidade. Entre nós temos o já cristalizado e estabelecido IPHAN, com mais de 70 anos de atividade. Todavia, persiste e retorna a indagação incômoda: o que fazer com os vestígios do mundo tradicional e antigo que tem desmoronado e se arruinado nos centros antigos ditos históricos das grandes cidades brasileiras e latino-americanas? São Luís não poderia deixar de fugir a essa retórica hipermoderna, qual seja, a vertigem da perda dos traços arquitetônicos e históricos, tanto materiais quanto intangíveis e simbólicos: há uma crescente sensação de obsolescência das coisas, dos objetos, dos modos de viver, dos fazeres e dos saberes... No ano passado, vimos a manchete de um jornal local estampar: "Restaurando os Prédios Alheios". Nessa reportagem a jornalista revela espanto com o fato de o poder público estar investindo milhões de reais em prédios de particulares. E é mesmo de espantar toda gente! Por que esse dispêndio milionário em gastar dinheiro público para manter um cenário histórico cada vez mais fantasmagórico, abandonado - símbolo o fracasso de um modelo equívoco - se a cidade tem bairros populosos que não recebem equipamentos básicos para manter-se com níveis decentes de qualidade de vida? O que justifica tal investimento: a nostalgia dos tempos de glória e de fortuna das classes que dominavam o estado nos séculos passados? A Superintendência do IPHAN, interpelada sobre essa idiossincrasia espantosa respondeu: "- A impressão que dá é que o maranhense não tem consciência de que tem um tesouro nas mãos e que precisa cuidar dele". Eis uma visão simplificada e ingênua do problema sócio-cultural em voga! Coloca-se sempre a culpa na suposta 'insensibilidade estética e artística da população' - a mesma que preserva a cultura popular e o folclore, como poucas no mundo; curiosamente, culpa-se a população pela sua suposta 'ignorância', ao lançar os prédios - considerados verdadeiros 'tesouros arquitetônicos' do passado - na ruína e no abandono. A superintendência não se pergunta: por que essa mesma população que se dedica a preservar e manter viva as suas tradições artísticas, como o Bumba Boi, o Tambor de Crioula, o Tambor de Mina, entre outras, teria esse comportamento desprezível em relação aos prédios históricos. Será o mesmo maranhense? Lógico que não: os proprietários desses prédios não são os mesmos maranhenses que preservam a cultura popular e o folclore; são donos de prédios que se beneficiarão dos investimentos públicos aprovados pelo IPHAN... Só quem faz pesquisa pode responder a tais questões perturbadoras e pode encontrar a lógica sócio-cultural subjacente a esses comportamentos e práticas... A população 'ignorante' paga duas vezes, pela sua culpada 'ignorância' denunciada por um agente público em pleno jornal diário - em flagrante desrespeito ao espírito público geral - e agora pagará também, e ainda muito mais, ao ter que ver e aceitar o dinheiro público serem gastos em prédios particulares; dinheiro que poderia ser aplicado em benefício da urbanização de diversos bairros da cidade: especialmente em saneamento e saúde pública. Há algo mais importante que o 'patrimônio' representado na saúde de um povo? Por que o patrimônio histórico nas mãos de particulares é mais valioso, 'é um tesouro', maior que o saneamento básico nos bairros da cidade? É preciso que estas pessoas enfrentem a seguinte questão: por que é que a população não dá valor a esses cenários históricos do passado? Por ignorância? Essa é a resposta? Essas pessoas 'sabidas', com tanta 'sensibilidade estética' deveriam se perguntar se a população concorda com esse modelo de patrimonialização, esses investimentos vultosos de mais de duas décadas, que só tem beneficiado uns poucos indivíduos e grupos nessa área da cidade. É preciso que nós passemos a enfrentar e a questionar esse modelo arrogante de patrimonialização, que de democrático não terá nunca qualquer inspiração. Devemos nos interrogar, e fazer pesquisas, para encontrar outro modelo que responda aos anseios da população, que precisa acreditar que essas políticas são em seu benefício; o que não parece ser verdade, ao menos do que se expressa nessa ideologia simplificadora. Numa cidade tão carente de diversos equipamentos e insumos básicos, é um luxo satânico manter esse tipo de política patrimonialista que só beneficia os proprietários desses prédios, valorizando-os para a especulação imobiliária futura. Porém, nós sabemos que estes 'agentes públicos' de plantão, parecem não pensar nos interesses gerais da cidadania; pensam em dar respostas aos interesses dos que os colocaram nessa posição e lugar. Não fazem pesquisas, não desenvolvem trabalhos autênticos de empoderamento da população que reside nesses bairros 'históricos', e mais, ainda se apropriam das ações e dos projetos de outras instituições sérias. Enquanto esse modelo imperar vão continuar culpando a suposta 'ignorância' da população e reproduzindo os interesses dos proprietários desses prédios. É preciso que se dê um basta a essas práticas que favorecem os que vão especular com a valorização imobiliária desses espaços sociais. Isso é certo: haverá investimento com dinheiro público que só beneficiará esses proprietários, que depois de garantidos seus benefícios venderão esses prédios para os estrangeiros! A população verá seus 'tesouros' salvos, mas agora entregues aos 'gringos', como se diz: ficará enfim sem seus 'tesouros'! Os grupos de poder e decisão da cidade sabem difundir e defender seus interesses. O que é estranho é a inércia dos agentes públicos como os estabelecidos nos MP Estadual e Federal, as Promotorias do Patrimônio e do Meio Ambiente: por que não promovem uma investigação contra esses outros 'agentes públicos', títeres instalados no escalão federal... É evidente que essa política de investimentos só serve para enriquecer um pequeno grupo de 'sabidos': empreiteiros e aventureiros estrangeiros... Por que não se faz pesquisa universitária nesses espaços? Por que se tem tanta dificuldade em estabelecer políticas culturais democráticas e participativas nesses centros históricos? Por que não se cria um Plano Diretor para o Centro Histórico e se dá condições de participação democrática nas decisões sobre investimento nesse espaço social? Por que esses projetos mirabolantes não passam pelos Conselhos de Cultura e Patrimônio? Falta mais democracia e mais pesquisa social!

* * *

TEATRO DAS MEMÓRIAS: cidadania e direitos culturais

Veja Artigo:

Rastros de Apropriação do Projeto ao Port-Fólio do IPHAN.


Veja Vídeo Produzido pelo IPHAN:

Site em Língua Russa:

Site Vídeos Brasil:

Livro Produzido pelo IPHAN, com nome do Projeto:
Portfólio do DESIGN OCABIO:

OBSERVAÇÃO:
Em nenhum momento faz-se alusáo ao fato de que o Projeto Teatro das Memórias foi criado pelo Grupo de Pesquisa e Estduso Culturais da UFMA, coordenado pelo Prof. Dr. Alexandre Fernandes Corrêa.

24 de abril de 2007

Projeto Ação Cultural TEATRO DAS MEMÓRIAS Convida

Palestra de apresentação do Projeto de Ação Cultural para os 11 Pólos Municipais do Interior do Estado do Maranhão e na Capital será transmitido para o auditório do SESC.

Apresentação do Curso Patrimônio e Memória a ser oferecido no Sistema da UNIVIMA - Universidade Virtual do Maranhão.

Quarta-Feira, 25 de abril, 16 horas

Auditório da CETECMA-UNIVIMA

Secretaria de Ciência e Tecnologia ao lado da FAPEMA

Bairro do São Francisco.

São Luís - 2007.

21 de fevereiro de 2007

Baile da Saudade Desterro 2007




CARNAVAL 2007
DESTERRO
BAILE DA SAUDADE

REALIZAÇÃO PROJETO TEATRO DAS MEMÓRIAS
UNIÃO DE MORADORES DO CENTRO HISTÓRICO






23 de janeiro de 2007

TEATRO LABIRINTO: A Que Causa Dedicar a Vida?

Experiência Teatral:

Encenação propondo novas relações entre palco e platéia com espetáculo de pesquisa e linguagem interativa:

TEATRO LABIRINTO. No Teatro da CEU, Rio de Janeiro,1980/82.
Direção: Mario Telles.

Tribo Trupe Cooperativa de Palhaços (1980/1):

Integrado por Leila Cardia, Antonio Gonzales, Lilian Gomez, Fabiene Garcia, Rosan de Souza, Carmen Luz, Lúcio Fagundes Telles, Fernando Neder, Lucas Chiavata, Alexandre Corrêa, outros.

Produção do Curso de Doublê do Grupo ABRACADABRA - Centro Cultural da CEU

Criação do TEATRO LABIRINTO. Espetáculo - A Que Causa Dedicar A Vida? (Centro Cultural CEU - Rio - 1980/1)

Fonte: http://artes.com/sys/sections.php?op=view&artid=4&npage=6

CRÍTICAS:

RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 1981 - Revista da ACET

TEATRO ALTERNATIVO Onde não há brechas urge criar uma

Macksen Luiz - Crítico do Jornal do Brasil

Há cinco anos a denominação teatro alternativo pretendia definir, mais que uma forma de produção teatral, uma opção de criação. Mas se a sobrevivência está difícil para todos, por que não buscar a originalidade num mercado que tende a se padronizar? Os grupos (ou elencos) alternativos, ainda que muito incipientemente estão arranhando essa constatação óbvia. Há pelo menos duas tendências bem marcadas entre os alternativos: a de reencontrar a pesquisa teatral e a do comercialismo sem limites. Alguns grupos estão seriamente empenhados em descobrir formas diferentes de linguagem teatral, capazes de atraírem o público e de contribuírem com a renovação de estilo, de elenco e de repertório. Talvez o espetáculo mais representativo desta tendência atualmente em cena no Rio seja Labirinto - A que causa dedicar a vida?, criação coletiva da Tribo Troupe Cooperativa de Palhaços que pode ser visto no Teatro da CEU. A idéia do grupo é a de fazer com que o espectador não seja um elemento passivo, um mero observador do fato teatral. Investido do papel de ator, o público penetra num labirinto dentro do qual lhe são propostas várias situações que são debatidas com os atores. Nesse jogo lúdico-teatral é incentivada uma nova relação entre palco e platéia que avança uma pesquisa tão em voga no teatro experimental em todo o mundo.

O Globo - Terça-feira, 1/9/81

TEATRO / Crítica - Flavio Marinho

'Labirinto': Um simpático parque de diversões

Em matéria de proposta teatral original e anti-convencional, "Labirinto: A que causa dedicar a vida?", uma apresentação da Tribo Trupe Cooperativa de Palhaços no Teatro da Casa do Estudante Universitário -somente nos fins de semana- certamente leva a palma da atual temporada carioca. Em todos os sentidos, as intenções do grupo fogem as tradicionais regras estabelecidas na relação entre espectadores e intérpretes. A começar pelo horário -que não é rígido. Começa quando o público chega. E, até forma um grupo de oito espectadores -o público entra de oito em oito- ele é entretido por dois palhaços que, entre uma e outra piada, já dão algumas dicas do que acontece "lá dentro", embora sem oferecer maiores detalhes - "para não tirar a graça".
Realmente não seria o caso de, aqui, narrar o que ocorre - senão, muito do fator surpresa de que vive "A que causa dedicar a vida?" seria esvaziado. Basta que seja dito que, nas dependências da Casa do Estudante Universitário, foi construído, com paredes de papelão, um verdadeiro labirinto cênico em que o espectador é lançado e no qual, o imprevisto - e, as vezes, o impossível - acontecem. como num parque de diversões, o espectador vai passando por diversos compartimentos em que se vê na situação de sair de sua condição passiva para atuar, como parte integrante, da ação que está acorrendo em cada compartimento. Estamos, pois, sob o signo do improviso, na medida que a reação de cada espectador caberá uma outra reação - diferente - do ator. Numa medida de 40 minutos, o espectador/ator percorre todo o labirinto, em que, de uma forma ou de outra, as vezes até sem que ele perceba, temas como a competição, o poder, a fé religiosa ou a burocracia são levantados. O rendimento da proposta é, portanto, sempre desigual, pois seus frutos dependem muito da predisposição do espectador para tal tipo de empreitada e da capacidade de improviso e tarimba dos intérpretes. Estes mostram-se, no entanto, igualmente desiguais. Enquanto uns demonstram absoluto domínio sobre a função que lhes foi atribuída - seja ela de preso ou delegado - outros mostram-se ainda um pouco vedes para cumprir tão difícil tarefa como criar, em cima da hora, falas não preestabelecidas.
Nota-se, claramente, influência do Teatro do Oprimido de Augusto Boal nas raízes do "Labirinto". Mas, enquanto a proposta de Boal ia além da teatral e chegava a beirar o terreno da pedagogia, a de "Labirinto", com sua ênfase no aspecto lúdico da atividade teatral, vai somente as raias de um "trem-fantasma" com ligeiras implicações sociais. A pergunta colocada no título, por exemplo, ("A que causa dedicar a vida?") não é, afinal, desdobrada no decorrer do "Labirinto". O espectador acaba saindo dele sem se questionar muito sobre a vida ou a realidade que o cerca, deixando a Casa do Estudante Universitário com a impressão de ter participado de um insólito - porém simpático - parque de diversões. E, portanto, aconselhável ao espectador mal-humorado passar ao largo das brincadeiras desta Trupe de Palhaços.

Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - Quinta-feira, 2 de setembro de 1981.


TEATRO. No Labirinto da Vida. Yan Michalski

Num momento em que a busca da inovação só se manifesta muito esporadicamente no nosso teatro, qualquer tentativa com sabor do pouco habitual torna-se bem-vinda. É o caso de Labirinto – A que causa dedicar a vida?, que introduz no Rio um tipo de experiências ambientais que a vanguarda européia andou explorando com insistência no fim dos anos 60 e no início da década passada. A idéia-base de Labirinto é, por exemplo, quase idêntica à de um famoso espetáculo do italiano Luca Ronconi, XX, lançado no Festival do Teatro das Nações em Paris em 1971.
Esta idéia-base consiste em colocar o visitante em espaços e situações especialmente criados de tal modo que ele não se sinta um passivo espectador de uma representação, mas um individuo inopinadamente colocado pelo destino diante de pressões e desafios que exigem dele tomadas de posição, escolhas de uma entre várias alternativas, definições de pontos-de-vista. No caso, os espectadores são introduzidos em grupo de oito - que, porém, se desfazem rapidamente, de modo que o contato com a experiência passa logo a ser individual - num complicado labirinto construído de papelão, cuja travessia se constitui, já em virtude das características sufocantes e insólitas do espaço, numa tarefa que a vítima enfrentará com provável sensação de insegurança, com as suas habituais defesas algo abaladas. No início, o espectador é exposto a um desafio apenas lúdico, sendo solicitado a participar de uma inocente brincadeira, de uma infantil simplicidade. Aos poucos, porém, ele passa a esbarrar em varias e imprevistas situações, cujos detalhes me eximo de descrever, para não estragar a surpresa dos eventuais futuros candidatos, mas que são geralmente extraídas do panorama da violência a que o carioca está rotineiramente exposto no seu cotidiano. Diante dessas situações, o espectador é chamado a reagir a cada passo, quer assumindo o caráter apesar de tudo ficcional da experiência e tentando improvisar um personagem por ele mesmo idealizado como adequado às solicitações da respectiva situação, quer transpondo-se para o plano da realidade e dando as respostas que daria se estivesse participando de uma situação semelhante na vida real. Uma avaliação critica de uma experiência como esta é muito problemática, já que cada espectador assiste, na verdade, a uma realização diferente da que é assistida por todos os outros, pois seu desenrolar depende decisivamente das suas próprias reações, e das dos seus companheiros de grupo. De saída, para dissipar possíveis receios dos mais tímidos, cabe dizer que não existe risco de situações de constrangimento, pois a Tribo Trupe Cooperativa de Palhaços trata as suas vítimas com respeito, calculando adequadamente as doses de aflição e insegurança inerente á natureza da proposta, mas sem abusar de posição de autoridade em que os atores se encontram em relação aos desprevenidos visitantes do labirinto. O trabalho foi preparado com visível cuidado, a começar pela inventiva ambientação cenográfica de Leila Cardia, e culminando com a segurança e desenvoltura de improvisação com que os atores respondem às diversas reações dos seus visitantes. Pelo menos nas situações que enfrentei, quer sozinho ou junto com outros companheiros de travessia, pareceu-me que os intérpretes estão preparados para dominar convenientemente as suas respectivas situações, qualquer que seja a resposta que encontrarem.
A experiência é curiosa, mas pareceu-me insuficientemente amadurecida e definida, e portanto fica mais na superfície do que seria de se esperar, considerando os seus enunciados teóricos. Em momento algum consegui avaliar qual é a parte efetiva de mera brincadeira e qual a parte de uma vivência mais profunda que a equipe pretende extrair do trabalho; e em momento algum senti-me suficientemente pressionado para motivar-me a discutir as situações propostas; sendo que algumas delas foram, na minha passagem, resolvidas tão apressadamente que pareciam não passar de esboços. Toda a travessia do labirinto é, aliás, muito apressada em relação às reações que se pretende extrair dela; e é desproporcionalmente curta em comparação com o tempo de espera durante o qual o espectador, enquanto aguarda a sua vez de ser admitido no labirinto, é distraído por dois palhaços simpáticos e não desprovidos de graça, mas cujo trabalho, pela própria natureza, não passa de uma laboriosa encheção de lingüiça.