Edital MCT/CNPQ 14/2008 Universal Processo 470333/2008-1



5 de agosto de 2012

BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL - 2022

Nós brasileiros não somos muito predispostos à antecipações, gostamos do imediatismo e de fazer as coisas em cima da hora. Haja visto os problemas que estamos tendo com a organização da Copa do Mundo e da Olimpíadas. Todavia, trazemos para esse blog, do fundo do palco, para frente da cena, nossas atenções especiais para os rituais celebrativos e comemorativos do Bicentenário de Independência do País, a ser festejado em 2022. Faltam dez anos para a data de 7 de setembro ser recuperada em todo seu fulgor e potência histórica e cultural. Será certamente um momento de exaltação e efusiva manifestação patriótica e nacionalista; especialmente por parte das agências oficiais. Porém, sabemos que não se restringirá a isso; nem deve. Os críticos vão se manifestar, os céticos, os anti-nacionalistas e toda uma plêiade de intelectuais, autoridades, pesquisadores, estudantes etc., vão expressar as diversas e diferentes versões da efeméride: prato cheio para os historiadores; mas, nem só deles. De nossa parte, vamos acompanhar a evolução dos acontecimentos e recolher tudo que for interessante, a respeito dessa celebração. A partir desse anos, depois de concluirmos nossas observações sobre o IV Centenário de São Luís, vamos nos dedicar aos estudos e pesquisas sobre o Bicentenário de Independência do Brasil.

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LITURGIAS POLÍTICAS

O foco de nossa análise recai sobre os ritos comemorativos na sociedade moderna, mais especialmente os que ocorrem mais recentemente no contexto periférico do sistema-mundo. Trata-se de uma socioanálise crítica de aspectos estruturais próprios da construção social das comemorações históricas, tomando como objeto empírico principal o IV centenário de "fundação" do Centro Antigo de São Luís/MA, em 2012. Destacaremos alguns dispositivos significativos dos processos rituais locais, típicos em sociedades situadas na periferia da economia-mundo, que nos parecem estruturados em modelos sociológicos concorrentes. Ao analisar esses teatros comemorativos das festas públicas, buscamos compreender a lógica de sua permanência e mudança, em seus traços socioculturais mais particulares. É a dialética da permanência e da mudança que nos tem chamado a atenção desde o nosso primeiro estudo sobre festa popular católica, nos Montes Guararapes de Pernambuco, no início dos anos de 1990. Nosso interesse no tema já avançou para observação de outras festividades públicas importantes no vasto calendário contemporâneo de ritos comemorativos públicos e oficiais. Desde a inauguração das festas republicanas atlânticas nos países centrais, como as comemorações dos 200 anos da Independência dos EUA (1976) e da Revolução Francesa (1989), aos 500 anos da Descoberta da América (1992), até as realizadas em países semiperiféricos como o Brasil (2000), temos muitas festividades cívicas completando um rico leque de agendas internacionais. Nosso estudo recaiu mais recentemente para as festas republicanas e de independência na América Latina, desde a revolução haitiana, em 1792, até culminar com o foco direto sobre o processo de construção sociocultural das próximas festividades comemorativas do Bicentenário da Independência do Brasil, em 2022. 

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